domingo, 30 de novembro de 2014
Astrolábios
No universo mergulhei mais fundo
Quão profundo é o juízo dos teus lábios
São capazes de confundir o mundo
Que a escuridão é a natureza dos sábios
Não encontro palavras para explicar
Estou perdido na imensidão do teu sorriso
Já marquei uma órbita na direção do teu olhar
Encontrando o caminho mais estranho do paraíso
Tudo está sempre junto, separado por constelações
E se as estrelas não passarem de sentimentos?
Observamos à luz do luar, céus e corações
E vivenciamos de novo cada um desses momentos
Nunca estamos realmente sós
Vem sentir de novo o pó do meu abraço
O universo é como uma casca de noz
E o amor é o caminho que eu traço
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Devaneios (Dom Quixote de La Mancha)
Enfrentei todos os
meus juízos conflitantes
Mergulhados em
ruídos distantes e incessantes
Vestígios de sonhos
perdidos, não dou razão aos meus instantes
Mas, se em cada
segundo existem coisas interessantes
Não sou mais tão
vazio como era antes
Pois em cada inferno há
um sol de diamantes
Memórias não me
parecem assim tão distantes
No final de cada dia
não somos mais tão importantes
Escrevemos nossas
vidas sem vogais e consoantes
O amor sempre tem o
veneno de nantes
Tamborilando passos passados, apressados e ruminantes
(Cavaleiro andante, és tu Dom
Miguel de Cervantes?)
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Saudade (Um pouco mais de uma dose)
De vez em quando sou
O quando da vez
Do céu perdi o encanto
Na beleza do talvez
Tenho que me decidir
Se do amor bebo outra vez
Mais uma dose do licor
Mais um pouco,
Um pouco
(Afinal)
Pra tudo tem um louco
E a saudade desce devagar
Secando a garganta
Em juras de amor contido
E lá no fundo
No fundo
(Contém)
Um coração partido
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Memórias de meus amores roubados III
Amar é tão desigual. Sim, parece com todos os medos e as decepções que estão escondidas dentro de cada um de nós. Seria de se admirar se assim não fosse, afinal, existe maior definição do que a própria contradição? Ainda me lembro que certa vez ao ler os versos de um poema, não pude deixar de perceber que aquilo me feria profundamente, como se ao ler aqueles versos, eu acordasse para a minha verdadeira vida e que todo o resto não passava de devaneios de uma jovem sonhadora ou de alguém que amou demais. Ainda não sei. Bem, em todo caso, gostaria de conversar um pouco mais com vocês sobre o que aconteceu comigo e as consequências dos meus atos. Se vocês estão lendo isso, significa que mais alguém considerou que era importante o suficiente para não ser esquecido, porque querendo ou não são as lembranças que temos que determinam aquilo que somos.
"Amar é como a saudade, você não sabe muito bem o que é"-Memória número 3
No fim da tarde de novembro passado, aquela saudade me veio de novo. Já fazia algum tempo que não a sentia, parecia o encontro com um velho amigo: aquele desconhecimento estranho trazido pelo tempo, ainda assim, os fatos pareciam tão claros quanto o sol que desdenhava em sorrir no meio das pedras britas que se juntavam formando a calçada destruída de cimento. Lá, bem logo no fundo do beco, havia uma cafeteria com cadeiras de madeira em bambu e janelas transparentes, dando a impressão de um lugar familiar. Quase dava para ouvir no chão atabalhoado de madeira, os passos de Ricchardo-o maitre- a andar de um lugar para o outro, se preocupando em ser o mais cortes possível. Talvez eu tenha me enganado, mas sentada na cadeira mais distante do lugar estava uma menina cabisbaixa, lendo um livro sobre o amor. Eu a conhecia bem:
-Louise, tudo bem?- perguntei com um certo ar de preocupação
-Ah, é você, sente-se- e parecia tão etérea quanto sempre
-Estava aqui pensando no que você me disse da última vez que nos vimos, ainda se lembra?
-Sim, sobre a solidão do amor, não é mesmo?- respondeu de maneira ríspida
-Isso mesmo, e então, conhecendo o amor, a solidão acabaria?
-O que você faz quando um livro termina?- já nem me espantava mais
-Eu paro de ler?- tentei não soar irônico, mas parecia ser impossível nessa situação.
-Sim, mas a resposta não é apenas isso, é a decorrência dela- falou ajeitando o aro do óculos em um tom auto-explicativo.
-A decorrência de não ler um livro mais é porque ele já não fornece mais nenhuma expectativa, pelo menos a maioria dos livros, já aqueles que você guarda alguma recordação especial, ou que gostou de como foi escrito, de alguma personagem, o que você faz? Lê de novo.- completou aquilo com um silencio intuitivo.
-E cada vez que eu leio de novo não há sempre a mesma personagem me esperando? Afinal, a história não é sempre a mesma?- devolvi com mais perguntas.
-Não!! Pare de pensar na história como uma cadeia de eventos sucessivos e repetidos. A verdadeira percepção de mundo deveria se encontrar na desconstrução das coisas. A história sempre muda, e aí não se enquadram os fatos pois eles se moldam de acordo com as percepções humanas. O amor não é diferente, sendo produto da mente humana, ou melhor produto de emoções e formas sensíveis, é transformado por elas!
-Mas então...- retruquei de maneira ainda surpreendida- o que seria do ser humano sem a segurança de querer que as coisas façam sentido? Tudo estaria condenado ao caos!!
-Errado!! -E parecia aqueles tenores determinados, tamanha a entonação da sua voz-
-Uma coisa necessariamente não é o contrário da outra, não existem duas soluções para tudo. Para as explicações mais complexas o ser humano simplifica sua visão de mundo para que através de antagonias separe e controle as pessoas e coisas. Deus e Diabo, Ying e Yang, certo e errado... A lista não tem fim.
-Mas, se tudo aquilo que você busca na vida é alguma coisa que faça sentido, o amor não te oferece isso? Diversas possibilidades? Você mesma admitiu outras vezes que o amor é uma construção pessoal, então a base dessa construção me parece vazia- rebati prontamente
-Louise, você pode até folhear o livro, mas se não escolher uma página para começar, de que adianta tê-lo nas mãos?- um pequeno sorriso saiu do canto dos seus lábios.
-Algumas escolhas não dá pra se fazer. Quem não já viu sua personagem favorita morrer? A página só é escolhida quando você tem certeza que ela não te machuca ou quando ela não é conhecida- respondeu com a mesma convicção de antes.
-Mas o que te dá a certeza de escolher a página quando tiver o livro?- insisti
-Depende. Se já tiver lido aquele livro, simplesmente abrirá a página que quiser, mas, se por um momento se deixar a leitura ou o acaso te levar, vai perceber que nenhuma página é igual, nem mesmo aquelas que você já leu. As páginas são as pessoas como já deve ter percebido, e o livro é como a sua vida- concluiu em um tom melancólico.
Nenhum de nós parecia querer falar nada, sabe, acredito nessa coisa que dizem por aí, que o silêncio tem seu tom poético. Podia ser verdade ou não, mas queria acreditar naquilo com todas as forças. Nenhum de nós parecia querer sair daquele momento.
-Desculpe, eu tenho que ir- disse em um tom desconcertante. E foi embora a passos largos pela rua.
Desde aquele dia nunca mais a vi, mas acredito que a mensagem que Louise quis passar não era de uma pessoa que não acreditava no amor, muito pelo contrário: ela o defendia com todas as suas ajeitadas de óculos e em suas conversas com seu amigo imaginário. Folheando agora ,sem parar, o livro que ela esqueceu na mesa aquele dia, lembro das coisas desconcertantes que falava.
Abri de supetão o livro e escolhi uma página qualquer como quem não sabe o que quer. A cafeteria estava abandonada. Fechara poucos meses após do sumiço da nossa amiga. Um vento frio soprava com a noite que já vinha chegando. Bem na última página do livro, em um canto rabiscado como um garrancho estavam as indicações de um endereço:
Jasper Street, 25, Oaklamond
Ficava há algumas quadras dali. Coloquei o livro debaixo do casaco que vestia e corri tropeçando desesperado e ofegante. Ninguém podia roubar de mim as minhas escolhas e a minha saudade, embora não soubesse bem o que aquilo era...
CONTINUA...
sábado, 6 de setembro de 2014
A gangue da hipotenusa
Paralelas jamais se encontram
O polígono vive só de arestas
Perpendiculares são os pontos
Que distanciam as linhas retas
O quadrado tem sempre o mesmo lado
Mas sua soma ninguém acusa
O compasso ajeita com cuidado
O cateto adjacente da hipotenusa
O círculo já fez sua referência
O esquadro calculou os ângulos
Mas disse que tinham que ter paciência
Com a semelhança dos triângulos
Seno, cosseno e tangente
Diametricalmente opostos
Em um mesmo ângulo divergente
Não podem mais falar com a gente
Já estão em seus postos
(Quem escreveu essa besteira foi um ângulo que temia em se tornar obtuso para servir aos propósitos unificadores da Hipotenusa. Ele ousou propagar por aí, que as retas paralelas um dia talvez se encontrem no infinito. Pobre ângulo...Passaram a régua nele!)
domingo, 24 de agosto de 2014
Amor não se cura
Dizem que mal de amor não se cura
Que não há remédio, reza ou jura
Que possa ou deva curar essa loucura
Dizem que mal de amor não se cura
Que não existe receita ou assinatura
Que amar não é frase feita nem censura
Dizem que mal de amor não se cura
Que a vida é sempre mais dura
Quando o homem se atira nela com bravura
Dizem que mal de amor não se cura
Que enquadra a vida sem moldura
Que faz a gente abraçar essa mistura
Apenas dizem que amor não se procura
Que ele se (e te) acha perdido em alguma leitura
Dizem que mal de amor não se cura
Que é estranho que nem uma partitura
E que o criador é também a criatura
Dizem que mal de amor não se cura
Mas ninguém até hoje descobriu sua feitura
Que pra isso não basta nem toda a literatura
Dizem que mal de amor não se cura
Que ele é diferente em toda cultura
E que não é definido por nenhuma legislatura
Amar é definição
É infinitivo
É DEFINITIVO!
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
O mundo em um balanço
Um simples
Verso na ponta
De uma vida
Balança, contorna
O mundano mundo
Na ponta de um
Simples balanço
E eu observo
E não alcanço
E me deixo levar
Na conversa
De tão pequeno
Que o mundo é
(Mudo)
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
A onda é leve
É preciso partir o silêncio
Em mares de ignorância
Sem ao menos dizer adeus
Pra qual vida a onda te leva?
A vida balança a vela
E assim ela vale
Pelo menos a viagem
Ou o sonho que te lave
terça-feira, 29 de julho de 2014
terça-feira, 15 de julho de 2014
Memórias de Meus Amores Roubados II
De todas as vezes que sentei em frente à senhorita Camm, não pude deixar de perceber o quão curiosa era aquela combinação de características tão marcantes que fazem com que você seja atraído por uma pessoa logo na primeira conversa. Sim, eu não sou normalmente o tipo de cara que senta e gosta de conversar com as pessoas. Analiso todas as pessoas ao redor buscando nelas alguma que não seja a simples futilidade disfarçada de arrogância ou o cinismo sempre habitual da tristeza.Com esse tipo de pessoa a conversa flui de maneira tão natural que você sequer se lembra de como começou. Mas, sinceramente, tenho que admitir que eu ainda me lembro de uma frase que ficou gravada em minha memória e que fez com que eu retirasse o olhar do livro que lia para procurar de onde aquilo vinha.
"Amor é aquele sentimento que te faz não abandonar a tristeza"-Memória número 2
Meus olhos ansiavam pela voz que havia proferido a frase com tamanha convicção, deslizavam de um lado a outro, ao redor das mesas da cafeteria e pararam do lado de fora da rua, perto das mesas que desbocavam em um canto do beco escuro com escadarias de pedra e cadeiras de madeira pura, havendo assim, um contraste entre uma cafeteria moderna e o lado de fora antigo, quase como inacabado. Para a minha surpresa, assim que saí observo uma mulher falando sozinha em um canto mais afastado, de frente à uma cadeira vazia,como se estivesse conversando com mais alguém
-Com Licença, senhorita- me aproximei um tanto quanto curioso
-Com Licença, senhorita- me aproximei um tanto quanto curioso
-Pois, não?- disse em um tom surpreso e delicado
-Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês e sua frase sobre a tristeza do amor...O que eu me pergunto é se haveria alguém nesse mundo que suportaria a tristeza e que ao seu ver buscaria ela?!-disse-lhe
-Justamente o meu ponto!-observou Mick- Acho que esse sujeito é sensato-e deu um leve sorriso
-Não-sorriu debochando para o lado e se virou contra o debatedor-eu não disse que buscamos alguma coisa ruim-retrucou enquanto ajeitava a armação de seus óculos
-O mundo em que vivemos é feito de comparações-afirmou com a mesma certeza de antes-Então, para que possamos dar valor ao amor, por exemplo, temos que perceber e comparar com as vezes que sentimos tristeza, que pensamos que nada iria dar certo, para então dar valor a esses momentos!
-Mas se tudo o que você afirmou é verdade, então o amor perfeito e integral não existe, pois tudo não passaria de momentos-afirmei
-Desculpe, senhor...-Qual é o seu nome, mesmo?-Brian-respondi com uma voz seca
-Então senhor Brian, mas não é isso que a vida é?-saiu com uma voz calma
-Não é pelo mesmo motivo que guardamos fotografias e as colocamos na mesa de estar?Para nos lembrar que éramos felizes?-ela parecia ter argumentos para tudo.
De imediato, puxei a cadeira da mesa vazia ao lado para me sentar perto. Notei de relance que algumas pessoas olharam com aquele olhar de julgamento, certamente pensando que a confraria de doidos somente aumentava, não me importei com isso, dentro de alguns minutos estávamos conversando: eu, ela e o Mick, seu amigo imaginário.
-Aqui está seu café, senhorita-aproximou-se com classe o garçom
-Obrigada, Ricchardo-deu um pequeno sorriso-Está como eu pedi?-pergunta
-Sim, senhora. Com bastante creme e um pouco de canela-disse se afastando
-Porque a canela?-perguntei, afinal como alguém gostava daquilo!?
-Para me lembrar que nada é tão legal assim. E também porque eu não gosto de canela.
Tentava entender aquilo, como uma pessoa bebe aquilo que não gosta?
-Tem a ver com o que falávamos sobre o amor-responde em seco
-O amor é um sentimento complexo, sabe?- disse com um olhar distante
-Amar é conviver com a tristeza-simplificou- Sempre aquela pessoa não vai corresponder a todos os seus desejos, não por querer é claro, porque amar é aceitar, é ser livre para conviver com os erros.
Olhei para os lados e a casa já estava quase fechando, afinal, as melhores conversas sempre tem um que de saudade e teimam em acabar rápido. Já quase chegava a madrugada. A senhorita Camm se despedia de seu antigo amigo e de mim. Aliás, devo admitir que tinha que fazer mais uma pergunta, aquilo que martelava em minha cabeça e tinha que sair, perguntas devem ser compartilhadas...
-E o amor, o dia em que soubermos de tudo sobre ele, a solidão não acabaria?-dei uma leve pausa, soando de maneira um pouco dramática.
Louise, já de costas para Brian, se apressa em tirar um objeto do seu bolso, um fino relógio de ouro. O ponteiro dos segundos saltita em cima do número 12, mas parece não querer sair de lá, e volta e vai, causando sempre a insistência de não parecer quebrado. É somente então que ela percebe uma fina chuva que lhe arrepia a pele e lhe causa um tremor repentino. No momento em que se vira, não há mais ninguém: a não ser ela, uma rua deserta, a chuva e um relógio quebrado. E olhando o ponteiro ela parece querer responder com certa angústia.
-Não. -e concordou com sua própria alma-A solidão e o amor nunca conseguem se separar.
CONTINUA...
-Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês e sua frase sobre a tristeza do amor...O que eu me pergunto é se haveria alguém nesse mundo que suportaria a tristeza e que ao seu ver buscaria ela?!-disse-lhe
-Justamente o meu ponto!-observou Mick- Acho que esse sujeito é sensato-e deu um leve sorriso
-Não-sorriu debochando para o lado e se virou contra o debatedor-eu não disse que buscamos alguma coisa ruim-retrucou enquanto ajeitava a armação de seus óculos
-O mundo em que vivemos é feito de comparações-afirmou com a mesma certeza de antes-Então, para que possamos dar valor ao amor, por exemplo, temos que perceber e comparar com as vezes que sentimos tristeza, que pensamos que nada iria dar certo, para então dar valor a esses momentos!
-Mas se tudo o que você afirmou é verdade, então o amor perfeito e integral não existe, pois tudo não passaria de momentos-afirmei
-Desculpe, senhor...-Qual é o seu nome, mesmo?-Brian-respondi com uma voz seca
-Então senhor Brian, mas não é isso que a vida é?-saiu com uma voz calma
-Não é pelo mesmo motivo que guardamos fotografias e as colocamos na mesa de estar?Para nos lembrar que éramos felizes?-ela parecia ter argumentos para tudo.
De imediato, puxei a cadeira da mesa vazia ao lado para me sentar perto. Notei de relance que algumas pessoas olharam com aquele olhar de julgamento, certamente pensando que a confraria de doidos somente aumentava, não me importei com isso, dentro de alguns minutos estávamos conversando: eu, ela e o Mick, seu amigo imaginário.
-Aqui está seu café, senhorita-aproximou-se com classe o garçom
-Obrigada, Ricchardo-deu um pequeno sorriso-Está como eu pedi?-pergunta
-Sim, senhora. Com bastante creme e um pouco de canela-disse se afastando
-Porque a canela?-perguntei, afinal como alguém gostava daquilo!?
-Para me lembrar que nada é tão legal assim. E também porque eu não gosto de canela.
Tentava entender aquilo, como uma pessoa bebe aquilo que não gosta?
-Tem a ver com o que falávamos sobre o amor-responde em seco
-O amor é um sentimento complexo, sabe?- disse com um olhar distante
-Amar é conviver com a tristeza-simplificou- Sempre aquela pessoa não vai corresponder a todos os seus desejos, não por querer é claro, porque amar é aceitar, é ser livre para conviver com os erros.
Olhei para os lados e a casa já estava quase fechando, afinal, as melhores conversas sempre tem um que de saudade e teimam em acabar rápido. Já quase chegava a madrugada. A senhorita Camm se despedia de seu antigo amigo e de mim. Aliás, devo admitir que tinha que fazer mais uma pergunta, aquilo que martelava em minha cabeça e tinha que sair, perguntas devem ser compartilhadas...
-E o amor, o dia em que soubermos de tudo sobre ele, a solidão não acabaria?-dei uma leve pausa, soando de maneira um pouco dramática.
Louise, já de costas para Brian, se apressa em tirar um objeto do seu bolso, um fino relógio de ouro. O ponteiro dos segundos saltita em cima do número 12, mas parece não querer sair de lá, e volta e vai, causando sempre a insistência de não parecer quebrado. É somente então que ela percebe uma fina chuva que lhe arrepia a pele e lhe causa um tremor repentino. No momento em que se vira, não há mais ninguém: a não ser ela, uma rua deserta, a chuva e um relógio quebrado. E olhando o ponteiro ela parece querer responder com certa angústia.
-Não. -e concordou com sua própria alma-A solidão e o amor nunca conseguem se separar.
CONTINUA...
domingo, 11 de maio de 2014
Hai Definition
Lá bem debaixo do mundo existe outra vida
Poesia, por exemplo, dorme em (si)lêncio
Por causa da vida que morre lá dentro
A chuva assoviava que sabia fiar
Enquanto a velha remendava um pano velho
Os anos. A chuva. Imansidão!
Não sei contar os anos, não sei
Tudo é um sem-quanto de contos e festas
Com quantas velas se faz uma jangada?
O amor é um breve suspiro
Um encontro entre duas jornadas
O tudo é aqui e o agora não é nada!
sábado, 3 de maio de 2014
Entre o chão e o céu
O tempo marca as palavras que não morrem
A vida tem desses vícios!
O amor que nunca se acaba na margem de um verso
O amanhã que sempre vai sem se chegar
Caminho entre a arrogância do chão e do céu
E não existem distâncias,
Entre um tempo que nunca houve
E uma saudade que sempre se cala
Tudo é somente um intervalo que se quer medir
No pontual incontável de nossa existência
A vida é marcada pelo tempo que se quer chegar
Faltam poucos minutos para eu ser feliz
A loucura é a música da minha alma
Um lugar em que eu posso falar pra mim
Que as coisas são iguais em diferentes tons
terça-feira, 22 de abril de 2014
Memórias de Meus Amores Roubados
Sou daqueles que acreditam no amor. Sim, acreditar não é apenas falar incessantemente dele e apregoá-lo como se fosse a salvação de tudo que respira e possuí vida. Alias, não acredito que a vida de alguém seja de propriedade de outro ser, porque se assim fosse não estaríamos falando de amor, mas de obsessão, que nada mais é que sentimentos disfarçados em diferentes emoções. Cada qual enxerga apenas a fantasia que almeja, aquilo que espera que aquela pessoa realize para satisfação de seu próprio ego. Sou capaz de ouvir ao longe a loucura de todos esses momentos, que vêm a tona sem serem convidados, em um instante em que gostaria de lembrar e fazer com que todos vocês que lerem isso também os conheçam.Saibam que a intenção é a melhor possível, contudo, não sei explicar com palavras o que aconteceu, mas tentarei fazê-lo e para tal peço a ajuda de vocês, e se possível, de suas memórias também.
"Amor é uma satisfação, sobretudo, pessoal"-Memória número 1
Ainda lembro daquela frase tão simples e genial enquanto levava tranquilamente o café à boca, tentando soar da maneira mais natural possível. Descia a xícara de maneira compassada, assim que minha mente trabalhava naquilo. Ouvi quase que instantaneamente os passos de um sapato fino, preto e pontiagudo que presumi ser o de Ricchardo a tabalhoar o chão de madeira da parte de fora do estabelecimento. Ricchardo trabalha na cafeteria há pelo menos duas décadas, seu andar extravagante e prestativo fizera ele ser considerado por muitos como um maitre sem igual. Ele certamente se orgulhava disso. Mas aproveitava para cobrar as gorjetas mais caras também
-Mais alguma coisa, senhor?
-Não, não, só isso está bom-respondi com educação
O educado garçom apenas saiu em tom de cortesia, enquanto eu procurava focar meu olhar em direção de Loiuse, a quem me fizera tão desconcertante afirmação
-O que te faz pensar assim?-perguntei
-Não sou "eu" que penso assim-enfatizou-É só você perceber que as pessoas ao procurarem o amor somente querem ter uma posse, seu corpo, sua mente, seu dinheiro, tudo o que você apresenta para as pessoas é uma representação de você!-concluiu
-Mas há algo de errado nessa afirmação-rebati- Se você admitir que tudo o que eu apresento é uma representação, então quer dizer que eu só tenho um comportamento, quando na verdade para cada relação social existe um padrão que é considerado moralmente aceito,ou seja, um comportamento.
-Sim, mas existe uma diferença entre comportamento e personalidade. Bem, vou lhe explicar-E ajeitou o óculos, fazia isso toda vez que ia rebater de maneira violenta uma argumentação-
O que acontece é que o comportamento é o que você exterioriza para os outros, personalidade é aquilo que você realmente é, os dois coexistem em você, mas isso não significa que você vai admitir o que realmente é.
-E se eu dissesse que te amo?- interrompi de supetão
-Amor é um comportamento e uma personalidade. Comportamento porque é ligado a substâncias químicas próprias e personalidade é um comportamento próprio, um jeito único de exteriorizar esse sentimento-continuou ela
-Mas é aí que você mesma se enforca!-admiti com um sorriso no rosto. Aquilo que eu sou condiz com aquilo que eu vou fazer, portanto no amor e em qualquer outra pessoa eu procuro algo que seja igual a mim e não diferente, não existe completude no amor-concluí
Loiuse já se preparava para rebater quando Ricchardo chegou de maneira apressada a lhe perguntar:
-A senhorita Camm quer alguma coisa?A mulher olhou para os lados enquanto observava surpresa ajeitando seu óculos de armação colorida que nas mesas ao redor não havia mais ninguém. As cadeiras velhas de madeira retalhada em fibra de eucalipto davam ao local um aspecto nostálgico. Entendera que era apenas uma pergunta rotineira para expulsar-lhes de lá, afinal o local já iria fechar. Mick aproveitava para checar seu relógio de bolso querendo ter certeza que a noite passara tão rápido.
-Sim, pode deixar na minha conta que depois eu me acerto com Don.
-Então...Virou-se para olhar Mick, mas ele já tinha ido embora.
-Ahhhh, ele foi embora sem se despedir,mas pode ter certeza que amanhã ele vai ver!-disse enfurecida enquanto se depedia cordialmente de Ricchardo.
-E então é ela a Loiuse de que todos falam?-perguntou um homem que se aproximava.
-Sim, ela vem aqui uma ou duas por semana falar com o Mick-responde
-Mas quem é Mike?-perguntou o outro
E olhou para a mulher cantarolando enquanto caminhava em direção à avenida.
-Bem....Ele não existe!- E se virou olhando para a cadeira vazia em que a mulher segundos antes havia se levantado.
CONTINUA...
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Deuses e Vermes
Ah! Desde a infância que tenho eu sobrepujado indagações:
-Para onde hão de ir as coisas? De onde casta o meu breve suspiro?
Silêncio. Não restou Deus inocente em sua inconsciência cósmica
Apenas um emaranhado de mentes e epopeias soltas, relutando por um vazio
Onde estarão os Deuses de que tanto me falaram?
Dormem eles em eternos momentos
Transfigurados sob a luz do sol
Cravados em frios monumentos
Suas verborragias se encontram em prol
Vermes certamente haverão de cobrir a minha face
Como o grito daqueles que não podem mais falar!
A Besta última do esquecimento
Profana túmulos, aprisiona passados
E materializa todos os meus anseios
Por justiça, por amor, por egoísmo
Ainda sobra uma verdade somente minha
É minha própria sombra!
É meu próprio Deus!
(Que a minha consciência dissolva a morte,
No silêncio do meu breve ninguém)
terça-feira, 25 de março de 2014
Oráculo de Delfos
O segredo está definhando em ti mesmo!
Quem perguntar-se a verdade será de pronto engolido por ela
Essa é a verdade e nenhuma outra voz existe
Esses mares que com tanta bravura percorreste te fitam com angústia
Dessa água não podes beber, és tão sujo quanto tua própria sede
Vedes tudo o que se passou? Será se conheces a ti mesmo?
Não passas de alguém seduzido pelo canto das sereias
E nada mais te assusta. E mesmo assim ainda te motivas
O universo ainda destila suas pontas soltas
A morada do homem é infinita em sentido
Se ao menos pudesse entender as coisas
És tão pequeno quanto o silêncio que te abraça
Mas brilhas mais que a mais reluzente das estrelas!
(Abraças o teu destino e somente ele te responderá a verdade, nada mais é aquilo que foi, pois para cada estrela que nasce, uma de mesmo tamanho morre. Este é o ciclo natural, o último e verdadeiro segredo)
sexta-feira, 14 de março de 2014
Distante
Distante em instante meu pensamento vai star
Diz tanto olhar estrelas perdidas se afogando no mar
Sequer saber quem sou, venha e me diga onde me achar
Soul poeira movida a vapor, um lastro de fumaça perdido no ar
Cometas (com metas) por onde estão aqueles a quem querem encontrar?
Gira o sol devagar, geração, girassol, e o mundo a divagar
De tanto amor se jogaram do céu, do azul se perdeu outro sol
Iluminando uma tristeza distante, na luz inebriante de um farol
Incerto momento ainda me sobrou uma dúvida calada
Um fragmento esperançoso de quão pequena é a madrugada
O que me seduz é o calor de sua jornada
Eu sou a voz que te ecoa e você sem amor não é nada!
Sorrisos voam sob teus pés, morrendo no silêncio de um suspiro
Azulejos, alerijos, anjos e arrepios
Por debaixo dessa pele, sei que ainda respiro
Inspiro, rodopio, viro, nessa rota de desvios
sexta-feira, 7 de março de 2014
Apenas uma vez
Estava deitado na cama do meu quarto quando ouvi essa frase pela primeira vez.
Era domingo. Eu estava doente-minguado-quase dando dó, sabe?
E a frase apenas surgiu na minha cabeça. Fiquei preocupado. Já eram tantas da madrugada e ainda não havia dormido. Era uma tentativa de cansar meu cérebro com mensagens vãs. Faço isso quando não tenho sono. Bem na parte da janela encostada havia um vão que tinha me passado desapercebido. E quem ia notar? Era tão pequeno e tão confuso quanto a lembrança de mim ainda pequeno, traçando letras em uma folha de caderno. Aprendia a escrever repetindo e espalhando traços em um papel e fazia isso todo dia. Chegou um momento em que era capaz de escrever de forma reta em um papel sem margens e fazia de maneira que as palavras não saíam tortas. Todos que olhavam se admiravam com isso, mas mal sabiam eles que aquilo que fazia tinha me rendido mãos que doíam. Eu não havia feito aquilo apenas uma vez. E agora, lembrando de como as coisas são, nada acontece sem esforço. Olhei pelo vão e do lado de fora da janela, estava uma menina loira com um vestido azul seguindo um coelho, minha atenção se voltou rapidamente para sua corrida desesperada e sem sentido, buscando uma coisa que nem ao menos sabia o que era. -Corra, Alice, corra!-por alguma razão eu ouvia seu pensamento- Você não vai deixar ele escapar, vai?
É... ninguém se atira se não acredita em nada. E se você tem algum sonho, alguma ambição, sempre vai se atirar sem saber o caminho, e é justamente essa escolha que te faz ser humano: se lançar ao primeiro desafio! Todos nós temos um pouco de Alice, ainda que não possamos perceber.
"Se você puder sentir a chuva, vai perceber que somente o impossível faz sentido".
Agora a frase que martelava minutos antes na minha cabeça, começava a fazer sentido, a ter sua importância. Em questão de minutos, meu cérebro finalmente se rendia à minha própria charada e se dava por vencido. Dormi. E o sentido dormia junto com o meu esquecimento. Pela manhã todos os fatos não passariam de imagens distorcidas de uma possível realidade. Como saber se eu não enganei você? Será que o que eu te contei é verdade? Você nunca saberá! Mas a sua curiosidade não terá fim. E como um bom Dom Quixote terei prazer em despertar sua sede de loucura.Não se contente com apenas uma vez!
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Barbarismos
Alguém disse que sou do grupo Los Hermanos
E que pareço um tal de Leônidas de Esparta
Já cansei de ser confundido com os muçulmanos
E mandei tomar no raio que o parta!
Onde já se viu criar causa por causa de uma barba?
Depois me chamam de incompreendido
Comprem pra mim um prestobarba
Então me darei por vencido!
Minha mulher uma vez me disse
Que quando me conheceu gostou da minha careca
Mas que se agora ela me visse
Iria perguntar onde fica Meca!
É, já deixei isso tomar conta da minha vida
O nome da minha filha é Bárbara
E até do que eu disse ela duvida
Mas está decidido...tá na hora de tirar a barba !
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Eu não penso em nada
Quando estou pensando em você, não penso em nada
Não, você não entendeu errado! Nem ao menos não sou romântico
Pelo menos não daqueles que ficam atirando cânticos e flores, como se poemas não bastassem
Pois as palavras despertam sentimentos que nenhuma rosa consegue murchar
E quando disse que não penso em nada, só para deixar claro, eu não consigo fazer planos
Sei que quem não sabe amar tem medo do seu próprio futuro e esse alguém não sou eu
E nem é você, eu sei, conheço bem a mulher que se esconde em seus olhos
Uma que gosta de carinhos e mimos, mas não exagerados
Daquelas que sabe encarar a vida, e foi isso o que me cativou
Amélia nunca foi exemplo de mulher, me desculpe o samba canção
Quando penso em você, não penso em nada
Porque simplesmente não há o que pensar
Tenho a rígida regra de viver cada dia como se fosse o primeiro
Tenho a mania de tentar entender o que eu já sei
Sou viciado em erros que já não posso mais controlar
E você me cura com esse seu sorriso no rosto
Acho engraçado seu olhar firme de dizer "Tá louco?!"
Parece que você não vai conseguir viver um dia sem mim
E eu respiro você
(Abaixo a xícara e deixo meu café na mesa, você veste sua blusa de seda. Mais um dia de trabalho e eu aqui, com um sorriso bobo no rosto. O café estava amargo)
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
A Sombra do Dragão
Um suspiro do vento norte clareou um rastejo
Sombras galopam no horizonte que vejo
Uma batida descompassada em cortejo
Cavaleiros se aproximam do vilarejo
Viajantes enfrentam criaturas sem medo
Desbravando o ressoar da morte em segredo
Despertando no fundo do meu olhar um facejo
O que seduz sua loucura é o desejo
Uma lâmina que fora mergulhada para não ver mais um dia
E lá fora, por detrás das muralhas, semeou o que não devia
E quem viver mais uma era perceberá o que eu prevejo
A sombra do dragão encontrará seu ensejo.
Uma morte pesa seus passos através do vale
E ao mais fundo do abismos ela se equivale
Grunindo montanhas sozinhas, reunidas em vicejo
Lançando sobre nós um flamejante bafejo
Entre uma fenda, homens se atiram no espaço
Contando mais uma lenda, reforçando mais um traço
E no fim da lâmina-gota se ouviu um lampejo
Esta será a vida que eu almejo
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
O Destino dos Homens
Uma aventura no mesmo instante da ponta do lápis ao rabisco
Certamente é um risco o que tenho a contar-por isso sou arisco-não sei se me arrisco ao escuro afugentar. Umas vezes quando a noite alta vem calar meu pensamento e me fazer ouvir o relento, é somente nesse momento que posso do mundo me proteger. Talvez não seja um alento, mas ouço também um lamento de gente que não sabe mais viver.
Tudo começa toda noite, já não tem pressa nem razão de ser. É comum, é natural, é quase um ritual de descrever. Gente sem tempo, sem tato, sem teto, sem trapo. Passos longos não levam a lugar algum. É sempre um por todos e muitos por nenhum! Gente sem voz a passar pela noite calada,como quem não quer e não pode nada. Um homicídio passional, daqueles de romance policial, sangrando sem a arma disparar.
Quase deixando ver seus vazios. Sonhos afogados e um medo da escuridão de amar. O destino dos homens é apenas andar pela vida? Não sei. Se soubesse seria um Deus ou mesmo até um rei. Criaria meu próprio exército e declararia guerra a alguém, esses seriam meus lemas! Afinal, é muito mais legal que resolver seus próprios problemas. Assim acabaria morrendo...Mas com certeza alguém estaria me vendo ou lendo. Sim, eu conquistaria mentes e tão-somente pelas palavras.
No mesmo segundo, Deus começa a chorar. Uns mendigos correm para debaixo das sacadas das casas. Algumas pessoas passam bocejando indiferenças e apressando os passos. Os segundos passam devagar. Faz frio, mas continuo no mesmo lugar.
Será se ainda sonham? Ou matam os sonhos pela noite? Um fantasma passa cabaleando na direção da parada-pensando em tudo-mas não querendo pensar em nada. E o pessoal que esperava a condução maldizendo a vida sofrida, contando os minutos para o ônibus passar. Esqueceram de sonhar. O homem de andar incerto despenca no chão. Ninguém dá atenção, e ele continua ali, caído, sem expressar nenhum gemido ou reação. Na sua camisa suja e arranhada estava escrito GENTE.
Aquilo seria o bastante para me fazer andar em direção à parada e começar a gritar: -Sonhos não valem nada! Pessoas não valem nada! Mas minhas palavras são apenas sons sem sentido e o que tenho vido vale muito mais. Somente resta viver mais um erro. E por um carinho e um pouco de leite estarei dócil na manhã seguinte. Você vai curar o ócio de ser meu ouvinte. Vá cuidar da sua vida, sua rotina. Afinal, o que um gato te ensina?! Você já sabe tudo! Mas cuidado... Sonhos recriam o mundo !
"Sonhem, pois sonhos moldam o mundo.
Sonhos recriam o mundo a cada noite. "
Baseado na HQ Sandman, número 18- O sonho de mil gatos, de Neil Gaiman
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Faísca e Vapor
Algumas vezes a música do mundo vem abraçar minha
janela
Canções navegam distantes em um barco à vela
Um vento tarde chega para invadir meu crivo
E despertar do sonho que é estar vivo
Viver é estar sendo no mundo
Dentro do meu mundo todo
Todo mundo é poesia e também amor
Seguindo suas vozes, encontrando seu valor
É ouvir um barulho como relógio de compasso
Ser comum e diferente ao mesmo passo
Prender a respiração, inventar um abraço
Onde não cabem corações parece que falta um pedaço
Distante de um sul meu recado agora é som
Só ela sabe o que sou. Só...
Na lista que fiz, ela se encaixa sem perder o tom
Tento abrir uma porta aqui dentro, a fenda da chave
não tem dó
Viver é estar sendo no mundo
Ou é estar com você? Se você for meu mundo, posso te
jurar em amor!
Poesias e devaneios,
Faísca e Vapor
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
De Outros Tempos
O Tempo realmente existiu?
Suas filhas estão perdidas nos vitrais
Memórias rebeldes que ninguém viu
Daquelas que saem nos jornais
-Mata a quem respira!
-Decifra-me ou te devoro!
É isso tudo aquilo que me inspira
É aqui o lugar onde eu moro
O silêncio impiedoso das respostas
As perguntas já não tem mais portas
E a verdade é assim, imposta
Por quem aceita a mentira ou compra a aposta
Somente o depressante momento do agora
O antes e o depois, um minuto ou uma hora
Meu pensamento me levando embora
Sem juízo, sem juiz, sem pandora
As marcas deixaram ferrugens no meu cabelo
Quase a juventude em um momento de apelo
E a fúria de um dia é apenas um som distante
Um trovoar de narciso em um instante
Minhas asas desbravam vacilantes neblinas
Quem sabe meu sossego não desafia o destino?
Desfia a dor na batida de um sino
Uma tempestade sopra do paraíso, suas portas são ruínas
Baseado no texto de Walter Benjamin sobre a obra de Klee-Angelus Novus
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Kamikaze Love
I can see in yours eyes
Deaths things crys
Why u don't pick one freak side?
The evil comes to inside
Mens tell so many lies
Miserable are his lifes
Find for breathe, pray for love
Its only this abouve
Desert ways, cold hearts
Old single trues
The world fell on our heads
(or would the opposite?)
Just have face the deaths
The ends comes so brave
For a kamikaze love
My fate seems so close
A kamikaze love
sábado, 4 de janeiro de 2014
Sisma
Sonhos distantes invadem minha razão
Não consigo mais sismar sozinho à noite
No fundo do abismo me encontro perdido no teu olhar
Já não sei mais quem sou ou se nunca fui
Teu pensamento é a única certeza que me flui
O movimento que não foi previsto, o risco não calculado
Uma fração infinitesimal, um quantum de átomo
Amor ou taquicardia? Me lembrar do que eu não devia?
Nada saiu como planejado, batidas são distorções
Pessoas destoam
E apenas o que restou mudou tudo pra sempre
Vivo por causa de um erro, o Universo não é perfeito!
Mas se renova em cada movimento-em cada defeito-você talvez se lembre:
Da explosão do fim dos tempos, aquela mesma que destruiu o mundo...
E criou o amor-e destruiu o mundo- E criou o homem- e destruiu o amor
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