segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Snapshot



Câmara Escura. Exterior. Química.
Calor e extrato de prata.
-Arruma o cabelo,
-Ajeita a gravata!

Solte um sorriso
E diga um "X"
Não importa se é apenas isso:
-Você está  feliz!

Instagram, Picasa, Snapshot
Não tô bem nessa, corte. Isso, agora sim.
-Nossa...Tá tão diferente assim!-
Nem parece você mesmo (SILÊNCIO)


-É meu lado fotogênico, sabe? EU me ajeito.
 - Ela tem mil fotos que são sempre do mesmo jeito-
 Um fundo escuro, um sorriso de plástico.
                                                                 -Humm...Deve ser algum problema de resolução...
                                                                  É que na outra foto você parecia mais simpático!
                                                                 -Érr... Me enganaram com aquele papo de alta definição...-
                                                                  (E balançou a cabeça olhando pro céu. Depois saiu)
                                                               
                                                               


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Memórias Destiladas











Escuta com atenção, por dentre os vestígios da solidão
Margens sagradas correm por debaixo das sombras
O tempo somente, e nas mentiras vagas lembranças me traz:
Marcas se escondem no silêncio de quem destila a razão

No limite dos teus olhos, a noite avança sem medo
A lua cantando pequenas cantigas de sossego
O homem se desvia, seu coração parece não suportar a dor
De quem anda feliz por incontáveis memórias de amor

Raios fulminam de pedras esculpidas por toda a sorte
Batuques anunciam, acelerados, a sentença...
Desfilam seus brados de morte,
Lentamente reforçando toda a minha crença (no desconhecido)

Somente existo, não penso. Somente penso: por quê deixo de existir?
Como o destino pode comigo assim brincar?
Se em qualquer um de meus planos fosse contar minhas glórias,
Não haveriam livros capazes de calar minhas destiladas memórias.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Homero e as Parcas









Fino pano de linho, tempo a fiar
Tal como vinho, eras a passar.
Abrem-se as cortinas da emoção:
Tempo, meu filho, é maldição


Douro fio de tecido caro, arranjo de couro
Memórias feitas de ouro.
Feitio certo, linhas indefinidas,
Resta a nós traçar o destino de vossas vidas


Muitos são os heróis, deuses e feras
Que se atiram aos sonhos, iludidos por Hera.
Perdidos nunca se encontram, anseio da véspera
E no fim, a beleza ficou, sendo a última das quimeras!



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Western Soul












Olhar no horizonte
Meu coração dispara :
Galope acelerado!
E esculpido por algum Deus raivoso
Alarim, Cavalo amante do vento,
Vai manchando poeira pelo caminho.
Meu coldre bate em desespero
Quase que sentindo a emoção em cada solavanco
Cavalo-manco
Difícil é o homem domar!

Se na estrada alguma dor me faltar,
Deserto não falta, pro caráter moldar
Sede maior que o mar...
Puxo meu gatilho como que fosse justiça :
A lei sou eu!
Aqui não existem falhas,
Faço um destino só meu!

Parto sem rumo certo, entro em um saloon qualquer,
Fulmino os olhos, ninguém ousa falar
Vagabundo, Justiceiro.
Sou o que quiser me chamar.
Minhas mãos voam em um segundo,
Relâmpago perto,decerto
Do peito de quem me desafiar!

Vida selvagem, emoção de partir,
Saudade em cada passagem,
O coração querendo fugir...
Arrumo a cela no mesmo instante,
Não olho para trás.
Horizonte voando...
É melhor viver em dúvidas,
Do que ter certezas demais!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

The Selfish Engagement ( Chapter 3)

                     







                        Algumas crianças brincando em um parque, ou mesmo em um chão sujo, na beira de uma calçada ou em frente a algum trailer de comida abundante, tipo de cachorro-quente gorduroso e barato, sabe? Quase dá pra sentir o cheiro, não é verdade? Cheiro de que? De infância, é claro! Pergunte pra qualquer um quais são suas memórias de quando era pequeno e não encontrará respostas que fujam muito desse quadro. O que faz a gente mais humano? É brincar com a roupa suja de comida e não se importar com isso? Sempre se inventa novas maneiras de cair, parece um ritual, dizendo que quanto pior a coisa for, melhor ela realmente é. Pois bem, e lá estava Joahn sentado em um banco no meio de uma vasta e colorida praça, fazendo o ritual de ser criança! Embora não entendesse normalmente o por que dos adultos serem tão chatos, queria ser como eles: gente grande. Se ele ao menos pudesse dar um salto no tempo e visse aquele senhor de cabelos brancos com uma túnica pesada e suja de sangue, em posse de uma espada verde que controlasse o tempo, o que ele pensaria? Certamente ele era feliz. Mas não sabia. A felicidade tem todo um quê de saudade. Ele ainda se lembra de seu pai, sentando no banco da praça.
                        - Está se divertindo, garotão?- diz de maneira singela
                        - Olha, pai. Estou inventando uma história- respondeu
                        Seu pai apenas sorriu. Talvez fosse um daqueles momentos em que você tenta falar e não consegue. E somente acenou com a cabeça. A todo custo tentava sufocar um leve choro, que teimava em escorrer pelo seu rosto
                        - Por que cê tá chorando?- perguntou Joahn
 Foi naquele exato momento em que o garoto (como seu pai gostava de chamá-lo) percebeu que a vida não era assim tão fácil quanto ele pensava. O seu pai, a muito custo, tentava explicar a viagem da sua mãe, viagem que por sinal, ela não iria voltar.
                       -E então o que a gente vai fazer agora?- perguntou Jeremy
                       -Não sei, seria bom a gente achar alguma pista do assassino, ou senão você não vai voltar, garoto- retrucou Billy
                       -E como a gente faz isso?
                       -Vamos, eu sei de alguém que talvez possa nos ajudar!-disse Billy
                       E andaram por um longo caminho de terra, que cercava e saía da cidade. Foram andando por duas horas por entre uma vegetação cuja relva era verde e macia, quando finalmente chagaram a um casarão de pedra bruta, que parecia abandonado de tão velho.
                       -Senhor Brutus!!-gritava Billy
                       -Senhor Brutus-gritava mais alto ainda
                       Alguns segundos depois um velho senhorio nos recebia ainda vestido com seu pijama, e com uma cara mal-humorada de quem havia acabado de acordar
                       -O que vocês querem?-perguntou ríspido
                       Senhor, sou eu, Billy, filho do grande amigo de seu pai- e sorria
                       -Ah, sim, garoto. Hump! Mas da próxima vez não venha me acordar tão cedo!
                       -Mas são 5 hrs da tarde- falou Jeremy
                       O velho o encarou de cima a baixo:
                       -E este mal-educado....Quem é?
                       -Ah... é um garoto que trabalha nas minas, senhor-disse
                       -Hum...que da próxima vez ele não me aborreça, ou vai sentir a minha fúria!- disse virando as costas para eles e com voz determinada.
                       Jeremy ia sorrindo, mas Billy prontamente lhe tapou a boca e lhe deu um olhar repreensivo. Não acreditava que alguém tão inofensivo fosse se chamar Brutus.
                       -Mas o que o traz aqui, rapaz?- perguntou
                       -Eu preciso da sua ajuda, senhor. É sobre o subterrâneo!- respondeu
                       E os olhos do velho pareciam finalmente despertos. E andava de um lado a outro da casa, com sinais de clara preocupação.
                       -Pois bem, sente-se aí- e lhe apontou uma vasta cadeira artesanal- vou lhe contar o que sei
                       Alguns minutos depois, Jeremy e seu interventor estavam sentados, enquanto Brutus voltava do interior da casa com um grosso livro de histórias
                       -Bem, eu andei dando uma pesquisada e juntei com alguns fatos que eu já tinha conhecimento
                       -Debaixo da terra, em algum lugar do nosso reino existe um povo que é descendente dos primeiros habitantes. Eles são da época conhecida como Primeira Tempestade. Ao todo, existem até os dias atuais 3 eras, a que vivemos é conhecida como Terceira Tempestade. Poucos foram os que se arriscaram a descer os subterrâneos e encontrá-los, pois dizem que eles são seres terríveis que só estão em busca do mal. Ninguém sabe ao certo o que eles escondem lá e como sobrevivem com tão pouca comida.
                       -Howow!!-disse Jeremy
                       -Silêncio, garoto, deixa eu continuar! Ah, pois bem. Então, existe uns comentários por aí que eles estariam de posse de uma das lendárias espadas, a espada das trevas! E  que seu poder ainda é desconhecido. E também que através dos subterrâneos, eles teriam acesso a qualquer lugar da cidade, podendo assim, localizar qualquer pessoa que eles quisessem.
                       -Fantástico! É justamente do que precisamos- disse Billy
                       -Vocês tem certeza que querem se arriscar assim?-perguntou
                       -Temos que fazer isso de um jeito ou de outro- e começou a lhe contar sobre a viagem no tempo de Jeremy e sobre o futuro da sociedade se eles não fossem buscar a espada.
                       -Ok, então. Vou lhes contar sobre uma passagem que leva ao mundo subterrâneo!-falou
                       Quando as primeiras sombras do crepúsculo começavam a inundar a cidade, duas sombras andavam a passos rápidos rumo a uma caverna na saída da cidade, os donos delas? Vocês bem conhecem!
                        Foram caminham devagar por dentro da caverna pouco iluminada pelas tochas que serviam para iluminar o caminho, ao mesmo tempo em que sombras dançavam por dentro da escuridão e Jeremy e seu Mestre tinham sempre a impressão de que havia mais alguém por alí, mas apenas continuavam a andar em direção ao fundo. Encontraram uma passagem. Era tão pequena que eles mal podiam passar, teria de ser uma pessoa de cada vez.
                        -Ainda bem que eu tenho cordas aqui, você está pronto?-perguntou Billy
                        -Sim, você vai primeiro?-retrucou
                        -Claro que sim, me ajude aqui-respondeu
                         Depois de alguns minutos, quando Billy estava descendo se ouviu um clarão e um grito que parecia vir das profundezas da terra
                        -Aaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh!!!!!!!!
                        -Billlyyy!!!!-gritava Jeremy, enquanto via a luz da tocha se apagar lentamente e ele permanecer sozinho.
                        Um garotinho apenas brincava no parque correndo de um lado para outro, e as vezes com seu herói favorito de metal, fingindo ser ele também um super-herói. Markahm, o herói que ele assistia todo dia na tv, tinha o poder de viajar no tempo, que, depois de ser adulto, era o que o garoto mais queria. Do outro lado da rua, havia um senhor de idade e barba branca usando uma túnica verde, que apenas observava todas as estripulias do menino, olhando ele atirar o boneco de um lado a outro. Uma mulher chega e reclama com o menino, que lentamente abaixa a cabeça. O menino fica irritado. O velho sorri com a cena.
                         -Massss maaaaaaaeeee!!- choraminga o menino
                         -Nada de mais, se comporte!- responde a mulher
                         Cerca de uma semana depois, o mesmo menino estava no mesmo banco da praça, cabisbaixo. Seu pai tinha acabado de tentar lhe anunciar a morte de sua mãe de uma maneira suave. Ele segurava o boneco com todas as forças, como se desejasse que a viagem no tempo fosse uma verdade para ele salvar sua mãe. Ele era pequeno, mas não era bobo não. E enquanto seu pai saia para comprar alguma coisa que não iria distrair nem aliviar a dor do menino, um velho homem se aproxima do banco.
                         -Posso sentar?-pergunta. O menino faz apenas um sinal afirmativo com a cabeça
                         - O que foi garoto?-perguntou
                         -Minha mãe morreu! E eu não pude fazer nada!-respondeu
                         -Isso é ruim mesmo-disse o velho abaixando a cabeça
                         -Esse boneco idiota não me ajudou em nada, nem viajar no tempo ele consegue!-resmungou
                         -Mas quem sabe um dia ele não pode te ajudar?-retrucou
                         -Ahhhh!!-vociferou
                         -Dizem algumas culturas que se você enterrar alguma coisa de muito valor e fizer um pedido, aquela coisa que você desejou se torna real-comentou
                         -Esse é o meu brinquedo favorito!-disse o garoto.
                         -O que você prefere, o brinquedo ou sua mãe de volta?
                         O garoto cavou na areia do parque uma pequena cova e enterrou seu boneco lá dentro sem pensar duas vezes.
                          -Eu vou indo-disse o velho e se afastou
                          Seu pai que ia voltando falou com o menino
                          -Quem é aquele filho, você conhece? Eu já te falei pra não falar com estranhos.Mas como ele já estava um pouco longe, ele preferiu não ir tirar satisfações com ele. Somente ficou alertando o menino, que fingia que ouvia, enquanto caminhavam de volta a sua casa.
                          Aquele poderia ser apenas mais um dia triste, mas alguns muitos anos depois, lá estava aquele mesmo ser estranho de capa esverdeada, no que antes era um parque, mas agora era apenas um descampado deserto.
                          Caminhou lentamente para um velho banco de madeira e cavou com cuidado debaixo dele. Encontrou um boneco enferrujado e sem traços, que fora seu companheiro de tantas aventuras. Olhou de soslaio para a espada que carregava  consigo e para o boneco carcomido. Ele havia feito uma promessa!

CONTINUA....
                           

domingo, 18 de agosto de 2013

Exageros



















Do mais alto mar, ante o mais reles morro
Se não posso voar, pra onde corro?
Não tenho pele nem sangue, tripas, nem asa
Apenas saudade, que (a) travessa por mim e entre(vaza)
Num mar qualquer, numa música qualquer
Nada faz sentido e tudo me quer

Será que não sou eu quem quero? Mudar como quem diz um oi ?
Mudo. Surdo. E também louco tal(vez)
Imaginando...
Me prendam, me amarrem e me amem
Pensando...

Aqui me encontro, escrevendo, e já não preciso me encontrar
Cada vez sou um. Igual a todos os outros e outras vezes nenhum !
Hum....E entre uma conversa, um verso, imerso, em pleno pensamento
Talvez o vento venha a me levar embora...Tem que ser agora?
Estava aqui contando uma historia.

O mundo é feito de exageros, de histórias sem fim.
De erros, medos, feitos de
Defeitos,
Uma linha tênue no horizonte, pra quem sabe a vida esticar
De sossego, de invenção, amor de
Pessoas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nunca mais














Hoje, não vejo mais o amor que suspira no mais alto ninho
Queria não sofrer com a lembrança de um carrasco
Apenas eu. E eu sozinho.
Vamos celebrar os tempos que não voltam e não perceber a alegria escapar de fininho,
Como um vento em pleno ar. Vento egoísta...
Apenas ele. E eu sozinho.
Em uma fria noite apenas note, o sussurro que assopra à janela
O tempo vai e volta...vai e volta, vai !
A escuridão tropeçando no meio do caminho
Apenas ela. E eu sozinho.
E uma voz a me dizer palavras não ditas,
Fazendo me saltar as veias, 
Um mensageiro sem pergaminho. Ave negra sem destino.
Apenas ele e eu. E eu sozinho
Passado, presente e futuro
Lentamente dançando a valsa do meu (en)fim
Frios olhos a me encarar. Angústia e vinho.
Sou um homem de lembranças.
Apenas eu...
E nunca mais !


Inspirado no poema "O Corvo" de Edgar Allan Poe

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Homero e o Fausto




















( Fausto continuava atento por um sinal do gênio do Universo)

De muitas coisas anseia a alma,
Mas a matéria sempre a aprisiona ao chão
Tudo que me resta é esperança,
Mergulhada em ilusão.

Como podes ser perfeito?

Maldito homem tu és!
Do pó tu vieste e a ele retornarás,
Assim como o barro com que pisa teus pés.

Pensamentos voam em tuas mãos.

Ó destino cruel ! Clama palavras em vão,
Escorregando secas no papel.

Minh'alma na sombra do altíssimo procura abrigo

Do alto, sons dilaceram meu peito em chamas:
" Quando estais na mais profunda escuridão
Quem, além de mim, te amas? "

Em verdade eu te digo. Em verdade, justiça e amor

Além de mim não há outro, por onde quer que tu for.
Ninguém te conhece tão bem quanto aquele que te criou.
Minha espada é palavra que homem algum jamais verbou.
Perguntas meu nome e apenas te digo: 
Eu Sou !


(E Fausto observava seu líquido correr em cada palavra, aguardando a última das respostas)





domingo, 21 de julho de 2013

The Jeremy Rhapsody ( Chapter 2)


           
                   

             Sabe como é ouvir uma música e se identificar com ela? Quando parece que ela foi feita para aquele exato momento? E quando a letra da música parece repetir seus pensamentos? Se você viveu um instante assim, então, posso supor que sabe como é sentir angustia e alegria ao mesmo tempo, não é mesmo? Era exatamente assim que Jeremy se sentia, abriu os olhos devagar, para não sentir a dor. Não adiantou. Seus olhos se perdiam em meio a uma fumaça intensa, com vapores misteriosos, que pareciam esconder as dores dos homens. Ao fundo, uma música em som de coral e piano audaciosamente repetiam o que sua cabeça tentava pensar e brincavam com ela:
             " Is this the real life? Is this just fantasy? Caught in a landside. No escape from reality."
             Se aproximou cabaleante da mesa mais próxima e balbuciou algumas palavras sem sentido. Se arrastou até o balcão mais próximo, enquanto, relutante, abaixava a cabeça e sentava em um banco alto de metal. Logo do seu lado, um homem com um sorriso no rosto e um copo com 2 doses de uísque. Bebia-o bem devagar, como se quisesse saborear bem as próprias palavras :
             -Você sabe quem você é?- perguntou calmamente o homem
              Confuso com a pergunta, ele apenas pensou e permaneceu calado. A parte de cima do balcão girava em diferentes ângulos
             -Você sabe quem eu sou? -modificou a pergunta
              Jeremy levantou o rosto e tentava a todo custo associar a imagem daquela pessoa a alguém, mas nenhum deles tinha uma cicatriz de espada em sua face, nem ao menos uma voz rouca, tampouco gostava de uísque. O estranho homem apontou para um crucifixo que carregava em seu pescoço como um troféu. Havia a letra b em maiúsculo gravada em uma espécie de brasão.
              -Você...- falou Jeremy com espanto e dificuldade
              -Meu nome é Billy- disse em tom cordial
              O ancião Joahn apenas observava o estrago que haviam feito na sacada. Alguns segundos atrás dois corpos em luta haviam se atirado pela janela, disputando a posse de uma espada com cabo de madre-pérola. De todas as vezes que havia visto o rosto do meu mestre, poucas foram as que ele estava realmente preocupado. O seu rosto frio logo foi se transformando em uma máscara de preocupação. Não ousava falar.
              -Então você está aqui?-se lembrava do que havia acontecido
              -Sim.Sim. Eu acho que irei ficar com a espada-disse o garoto em tom arrogante
              -Então até os Elfúrias estão aqui?-disse Joahn apontando a espada
              -Pessoas amaldiçoadas que se transformam em animais... Quer algo mais legal do que isso? -debochou o jovem
              E partiu pra cima dele. O ancião apenas desviava a espada e impedia o golpe por uma fração de segundos, não sobrando tempo para uma contra-ofensiva. Alguns minutos se passaram e algumas feridas já podiam ser vistas na pele do mestre, ainda que empunhando o metal da ferramenta com firmeza, a espada apenas dançava com cada movimento, como se pudesse presenciar o desespero...
              -Mestre!!- gritou Jeremy do outro lado da janela, enquanto se aproximava correndo para a sacada
              E tomou o lugar do ancião, que apesar de tudo ainda o observava. Jeremy girou para o lado errado, enquanto o seu oponente tentava a todo custo cerca-lo.
              -Nãooo!!!-gritou o mestre segundos antes deles lutarem e caírem da janela em disputa. A espada começou a brilhar e segundos depois se encontrava ao chão, imóvel. Os dois combatentes haviam sumido...
              -Então?-perguntou o rapaz assustado e tonto
              -Você viajou no tempo, meu rapaz- respondeu Billy- Tome um pouco de uísque, combate os sintomas negativos. E deu-lhe de seu copo quase vazio.
              O jovem Jeremy pareceu não acreditar, quando depois de um gole a tontura desapareceu e ele passou a enxergar de maneira natural o que havia ao seu redor. -Mas.... Enquanto Billy apenas sorria.
               Todos possuem sua rapsódia, sua vida é um interminável poema: memórias e culpas. Não há como escapar disto, nem mesmo se refugiando em outro tempo- disse para sua surpresa.
               -Tenho outra coisa pra te dizer-falava pausadamente
               -A espada que você possuí é a que é cravada em madre-pérola, não é mesmo? Hum.. Acho que já sei o que aconteceu
               -O que?O que foi?-perguntou o jovem
               E o olhar de Billy foi distante, como se pudesse viver em cada respiração sua as mesmas emoções outra vez
               Existe um traidor entre nós!!- Eu sabia!!-gritou Jeremy. Billy olhou com rosto de preocupação
               -Sim, mas ninguém sabe quem ele é. Existem sete espadas dessas. Cada uma representa um de nós da Ordem, isso mesmo, fundamos uma ordem secreta com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, e descobrimos em uma profecia antiga, que sete antigos guerreiros de nosso povo haviam lutado com lendárias espadas místicas e derrotado um grande mal. Agora, séculos depois o mal retornou. Somente a espada do tempo, a que possuí o punhal de madre-pérola pode apontar para o caminho e mudar o destino, por isso ela deve ser protegida dos elfúrias, servos do grande mal, que foram amaldiçoados pela Greya, a última feiticeira que houve
               -Existe um problema nessa história-falou Jeremy receoso
               - Ela não está comigo- continou
               Billy olhou no fundo dos seus olhos e disse com convicção
               - Enquanto você não achar a espada, estará preso aqui para sempre!!-e as palavras que saíam de sua boca não podiam ser mais verdadeiras
               -Menina, você está aí?-perguntou o Ancião
               -Errr....Eu, sim-respondeu Meg escondida atrás da janela
               Uma menina com óculos cor-de-rosa e uma bolsa gigante nas costas saiu de mansinho da janela.
               -O que aconteceu com eles?-teve medo de perguntar
               -Eu...-e fez uma longa pausa- Eu não sei-respondeu o velho
               -Tem certeza que não sabe?-perguntou Billy para o garçom
               -Sim senhor Billy. Eu não sei não senhor-respondeu
               -Qualquer coisa me informe, por favor- disse em tom cortês
               Billy e seu inusitado ajudante caminhavam pela rua em busca de informações que os levasse a alguma pista da espada, já que esta poderia estar perdida em algum lugar depois da disputa acalorada.
               -Corram!!!Corram!!! Ajuda!!!-gritava um homem correndo em sua direção
               -O que houve?-perguntou Jeremy
               -Um assassinato- disse sem fôlego o rapaz
               Os três e mais alguns curiosos correram para um beco afastado e escuro, que dava para uma das inúmeras vielas que cercavam a cidade soturna. Encostado na parede, estava o mesmo garoto arrogante que havia disputado a posse da espada com Jeremy. O objeto que ele tanto queria estava encravado em seu peito esquerdo, próximo ao coração. Ninguém ousava falar diante de tanto sangue. Um líquido vermelho-escuro escorria pela parede fria de pedra com musgo em locais diferentes, e parecia se encontrar por entre os vãos da calçada suja, em um espetáculo macabro. Outras pessoas se aproximavam do local e o cercavam, já havia um pequena multidão ao redor
                O policial da guarda chegou e foi logo tentando isolar a área, enquanto Billy olhava para a espada em tom de preocupação. Seus olhos firmes pareciam distorcer sua mente em busca de uma resposta, continuavam fixos em direção à espada, seu rosto somente preocupação. Ao mesmo tempo, o Ancião segurava a espada que havia caído na luta, enquanto Meg acompanhava ao longe, ele recuperar a posse da espada. Ele deixou escapar um leve sorriso, enquanto ajeitava sua túnica esverdeada para guardar a espada, voltando ao seu rosto normal. Meg não percebeu.
                Próximo do local do crime, uma pessoa apenas sorria no escuro. A tons escuros, a luz da lua iluminava com dificuldade o sobrado em que ele se encontrava. Uma grande camada de sangue ainda escorria por sua roupa manchada com vermelho-escuro. O brilho em seus olhos era o mesmo, a barba cor de carvalho branco, sua expressão calma, parecendo não existir em seu corpo medo algum. Tudo o que haviam eram apenas lembranças que o faziam querer parar o tempo. Descia lentamente a longa escaria em forma de t, e com o chão revestido de madeira de fino acabamento. Sua túnica esverdeada voava através do leve vento que fazia. Lembrou que as pessoas lhe chamavam de Mestre, de Ancião, de Joahn...Seu nome não era esse, agora, seu destino também não.
             
CONTINUA...
           
         

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Homero e os Lusíadas




















Navegar é preciso!
Por sonhos nunca dantes navegados
Por lugares jamais vividos

Amar é o coração do poeta,
É seu castigo.
É sortear por mares revoltos,
Sem abrigo.

É uma história que não acaba,
É um verso à deriva.
Na memória de vários homens,
Lembrança ainda viva.

Com o livro em minhas mãos,
Minha Odisséia se completa.
Meu nome é Homero.
Prazer, eu sou um poeta!

domingo, 14 de julho de 2013

Billy, The Shining

The Society Behind Of The Window ( Chapter 1)


                   Muito além do que qualquer mente humana pode imaginar, existe em um lugar isolado do Universo, uma sociedade que aprendeu a não obedecer as leis. Sim. Eu sei, isso à primeira vista pode soar um tanto quanto fantasioso, mas como você bem sabe, meu filho, já é chegado o momento de conhecer a verdade sobre o nosso povo...
                Desde tempos incontáveis, vivemos nessa terra. Aprendemos a conviver com as dificuldades do local, mas o que nos desesperava era a chuva. Chuva que alagava e destruía plantações: meses e anos se perdiam em dias de água violenta. Observamos o tempo... Cada vez que o céu ficava mais escuro e com ventos tão fortes que parecia que o mundo ia cair, era sinal de tempestade. Contudo, todos os planos se acabavam, quando, em meio a um temporal não previsto, tudo se perdia. O medo era constante. Tudo o que sempre buscamos era segurança, era algo em que se pudesse acreditar, e isso não existia... Joahn parou por uma momento, parecendo não querer continuar, ou então, pensando em como seria melhor viver sem uma certeza.
                 -Ancião Joahn? -perguntou o menino que estava ao seu lado, sentado em um banco pequeno de madeira artesanal