domingo, 21 de julho de 2013

The Jeremy Rhapsody ( Chapter 2)


           
                   

             Sabe como é ouvir uma música e se identificar com ela? Quando parece que ela foi feita para aquele exato momento? E quando a letra da música parece repetir seus pensamentos? Se você viveu um instante assim, então, posso supor que sabe como é sentir angustia e alegria ao mesmo tempo, não é mesmo? Era exatamente assim que Jeremy se sentia, abriu os olhos devagar, para não sentir a dor. Não adiantou. Seus olhos se perdiam em meio a uma fumaça intensa, com vapores misteriosos, que pareciam esconder as dores dos homens. Ao fundo, uma música em som de coral e piano audaciosamente repetiam o que sua cabeça tentava pensar e brincavam com ela:
             " Is this the real life? Is this just fantasy? Caught in a landside. No escape from reality."
             Se aproximou cabaleante da mesa mais próxima e balbuciou algumas palavras sem sentido. Se arrastou até o balcão mais próximo, enquanto, relutante, abaixava a cabeça e sentava em um banco alto de metal. Logo do seu lado, um homem com um sorriso no rosto e um copo com 2 doses de uísque. Bebia-o bem devagar, como se quisesse saborear bem as próprias palavras :
             -Você sabe quem você é?- perguntou calmamente o homem
              Confuso com a pergunta, ele apenas pensou e permaneceu calado. A parte de cima do balcão girava em diferentes ângulos
             -Você sabe quem eu sou? -modificou a pergunta
              Jeremy levantou o rosto e tentava a todo custo associar a imagem daquela pessoa a alguém, mas nenhum deles tinha uma cicatriz de espada em sua face, nem ao menos uma voz rouca, tampouco gostava de uísque. O estranho homem apontou para um crucifixo que carregava em seu pescoço como um troféu. Havia a letra b em maiúsculo gravada em uma espécie de brasão.
              -Você...- falou Jeremy com espanto e dificuldade
              -Meu nome é Billy- disse em tom cordial
              O ancião Joahn apenas observava o estrago que haviam feito na sacada. Alguns segundos atrás dois corpos em luta haviam se atirado pela janela, disputando a posse de uma espada com cabo de madre-pérola. De todas as vezes que havia visto o rosto do meu mestre, poucas foram as que ele estava realmente preocupado. O seu rosto frio logo foi se transformando em uma máscara de preocupação. Não ousava falar.
              -Então você está aqui?-se lembrava do que havia acontecido
              -Sim.Sim. Eu acho que irei ficar com a espada-disse o garoto em tom arrogante
              -Então até os Elfúrias estão aqui?-disse Joahn apontando a espada
              -Pessoas amaldiçoadas que se transformam em animais... Quer algo mais legal do que isso? -debochou o jovem
              E partiu pra cima dele. O ancião apenas desviava a espada e impedia o golpe por uma fração de segundos, não sobrando tempo para uma contra-ofensiva. Alguns minutos se passaram e algumas feridas já podiam ser vistas na pele do mestre, ainda que empunhando o metal da ferramenta com firmeza, a espada apenas dançava com cada movimento, como se pudesse presenciar o desespero...
              -Mestre!!- gritou Jeremy do outro lado da janela, enquanto se aproximava correndo para a sacada
              E tomou o lugar do ancião, que apesar de tudo ainda o observava. Jeremy girou para o lado errado, enquanto o seu oponente tentava a todo custo cerca-lo.
              -Nãooo!!!-gritou o mestre segundos antes deles lutarem e caírem da janela em disputa. A espada começou a brilhar e segundos depois se encontrava ao chão, imóvel. Os dois combatentes haviam sumido...
              -Então?-perguntou o rapaz assustado e tonto
              -Você viajou no tempo, meu rapaz- respondeu Billy- Tome um pouco de uísque, combate os sintomas negativos. E deu-lhe de seu copo quase vazio.
              O jovem Jeremy pareceu não acreditar, quando depois de um gole a tontura desapareceu e ele passou a enxergar de maneira natural o que havia ao seu redor. -Mas.... Enquanto Billy apenas sorria.
               Todos possuem sua rapsódia, sua vida é um interminável poema: memórias e culpas. Não há como escapar disto, nem mesmo se refugiando em outro tempo- disse para sua surpresa.
               -Tenho outra coisa pra te dizer-falava pausadamente
               -A espada que você possuí é a que é cravada em madre-pérola, não é mesmo? Hum.. Acho que já sei o que aconteceu
               -O que?O que foi?-perguntou o jovem
               E o olhar de Billy foi distante, como se pudesse viver em cada respiração sua as mesmas emoções outra vez
               Existe um traidor entre nós!!- Eu sabia!!-gritou Jeremy. Billy olhou com rosto de preocupação
               -Sim, mas ninguém sabe quem ele é. Existem sete espadas dessas. Cada uma representa um de nós da Ordem, isso mesmo, fundamos uma ordem secreta com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, e descobrimos em uma profecia antiga, que sete antigos guerreiros de nosso povo haviam lutado com lendárias espadas místicas e derrotado um grande mal. Agora, séculos depois o mal retornou. Somente a espada do tempo, a que possuí o punhal de madre-pérola pode apontar para o caminho e mudar o destino, por isso ela deve ser protegida dos elfúrias, servos do grande mal, que foram amaldiçoados pela Greya, a última feiticeira que houve
               -Existe um problema nessa história-falou Jeremy receoso
               - Ela não está comigo- continou
               Billy olhou no fundo dos seus olhos e disse com convicção
               - Enquanto você não achar a espada, estará preso aqui para sempre!!-e as palavras que saíam de sua boca não podiam ser mais verdadeiras
               -Menina, você está aí?-perguntou o Ancião
               -Errr....Eu, sim-respondeu Meg escondida atrás da janela
               Uma menina com óculos cor-de-rosa e uma bolsa gigante nas costas saiu de mansinho da janela.
               -O que aconteceu com eles?-teve medo de perguntar
               -Eu...-e fez uma longa pausa- Eu não sei-respondeu o velho
               -Tem certeza que não sabe?-perguntou Billy para o garçom
               -Sim senhor Billy. Eu não sei não senhor-respondeu
               -Qualquer coisa me informe, por favor- disse em tom cortês
               Billy e seu inusitado ajudante caminhavam pela rua em busca de informações que os levasse a alguma pista da espada, já que esta poderia estar perdida em algum lugar depois da disputa acalorada.
               -Corram!!!Corram!!! Ajuda!!!-gritava um homem correndo em sua direção
               -O que houve?-perguntou Jeremy
               -Um assassinato- disse sem fôlego o rapaz
               Os três e mais alguns curiosos correram para um beco afastado e escuro, que dava para uma das inúmeras vielas que cercavam a cidade soturna. Encostado na parede, estava o mesmo garoto arrogante que havia disputado a posse da espada com Jeremy. O objeto que ele tanto queria estava encravado em seu peito esquerdo, próximo ao coração. Ninguém ousava falar diante de tanto sangue. Um líquido vermelho-escuro escorria pela parede fria de pedra com musgo em locais diferentes, e parecia se encontrar por entre os vãos da calçada suja, em um espetáculo macabro. Outras pessoas se aproximavam do local e o cercavam, já havia um pequena multidão ao redor
                O policial da guarda chegou e foi logo tentando isolar a área, enquanto Billy olhava para a espada em tom de preocupação. Seus olhos firmes pareciam distorcer sua mente em busca de uma resposta, continuavam fixos em direção à espada, seu rosto somente preocupação. Ao mesmo tempo, o Ancião segurava a espada que havia caído na luta, enquanto Meg acompanhava ao longe, ele recuperar a posse da espada. Ele deixou escapar um leve sorriso, enquanto ajeitava sua túnica esverdeada para guardar a espada, voltando ao seu rosto normal. Meg não percebeu.
                Próximo do local do crime, uma pessoa apenas sorria no escuro. A tons escuros, a luz da lua iluminava com dificuldade o sobrado em que ele se encontrava. Uma grande camada de sangue ainda escorria por sua roupa manchada com vermelho-escuro. O brilho em seus olhos era o mesmo, a barba cor de carvalho branco, sua expressão calma, parecendo não existir em seu corpo medo algum. Tudo o que haviam eram apenas lembranças que o faziam querer parar o tempo. Descia lentamente a longa escaria em forma de t, e com o chão revestido de madeira de fino acabamento. Sua túnica esverdeada voava através do leve vento que fazia. Lembrou que as pessoas lhe chamavam de Mestre, de Ancião, de Joahn...Seu nome não era esse, agora, seu destino também não.
             
CONTINUA...
           
         

Um comentário:

  1. Achei bem épico essa passagem que fala das espadas míticas!. Espero ansiosamente pelo desfecho de tal aasunto!

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