The Society Behind Of The Window ( Chapter 1)
Muito além do que qualquer mente humana pode imaginar, existe em um lugar isolado do Universo, uma sociedade que aprendeu a não obedecer as leis. Sim. Eu sei, isso à primeira vista pode soar um tanto quanto fantasioso, mas como você bem sabe, meu filho, já é chegado o momento de conhecer a verdade sobre o nosso povo...
Desde tempos incontáveis, vivemos nessa terra. Aprendemos a conviver com as dificuldades do local, mas o que nos desesperava era a chuva. Chuva que alagava e destruía plantações: meses e anos se perdiam em dias de água violenta. Observamos o tempo... Cada vez que o céu ficava mais escuro e com ventos tão fortes que parecia que o mundo ia cair, era sinal de tempestade. Contudo, todos os planos se acabavam, quando, em meio a um temporal não previsto, tudo se perdia. O medo era constante. Tudo o que sempre buscamos era segurança, era algo em que se pudesse acreditar, e isso não existia... Joahn parou por uma momento, parecendo não querer continuar, ou então, pensando em como seria melhor viver sem uma certeza.
-Mestre?!!-repetiu o menino
-Me acompanhe, por favor- disse o velho de maneira quase que automática
A antiga casa de carvalho branco mal podia resistir aos castigos do tempo, mas à sua maneira ainda conservava um certo charme e respeito, característica marcante em qualquer objeto antigo. Suas paredes eram revestidas de mogno especial, e a longa escadaria em forma de t, estava cheia de teias e enferrujada por lembranças que meu mestre se recusava a esquecer, fazendo questão de caminhar lentamente enquanto subia os degraus de fibra de madeira usada.
-A vida é feita por memórias-disse eu
Meu mestre deu um pequeno sorriso enquanto ouvia suas próprias palavras na boca de seu pupilo e logo em seguida retornou a sua face habitual. Era difícil saber se eu lhe fiz lembrar alguma coisa ou se ele apenas achava engraçado um menino de 15 anos falando sobre a vida.
-Chegamos- disse Meg
Abriu os braços e apontou para uma longa paisagem que se estendia em torno de dois rios, que deviam ter cerca de 1000 metros de extremidade de ponta a ponta, donde se via ao fundo, uma gigantesca ponte de ferro, que parecia levar a um distante chalé, iluminado por lamparinas nos dois lados de uma porta e cercado por um silêncio que convidava ao descanso.
-Tem certeza que é aqui?-perguntou um homem ao seu lado e com cara de sono
-Humpf...Tenho sim, você tá duvidando de mim?- encarou
-Não... Érr...-disse
-Ahhhhh bomm- resmungou- Eu achei que você tava querendo briga, rapaz- e lhe deu um leve sorriso
-Eu? - E rapidamente lhe veio à mente que ultimamente era comum ao acordar bem cedo, tomar um café da manhã e alguns chutes na cara- E então pensou: por que não?
-Eu consigo derrotar você até mesmo com sono... -falou com desdém
-O QUE?-a menina foi tirando a bolsa das costas e largou de lado, enquanto ajeitava com um dedo seus óculos cor-de rosa
Ela era publicitária. E ele estava com problemas.
Ao mesmo tempo, um pouco longe daquele local, estava acontecendo um evento perto do palácio real, na qual o primeiro ministro residia, e que era a sede do governo. Pessoas importantes estavam presentes, trajes de gala, galardões, vestidos de pura seda. Enfim, você já sabe que é uma festa importante, ok? Então imagine isso. Ah é. Logo na primeira fila com um certo ar inflado, estava Gunn, o primeiro-ministro, que foi prontamente chamado para um discurso. Sabe aqueles discursos chatos em que você é obrigado a ouvir? Não importa que a pessoa que fale seja um às na retórica, depois de algum tempo, você simplesmente não presta atenção mais em nada, apenas concorda com a cabeça...Sorte dos velhinhos que estavam sentados na primeira fila, dormindo...-inclusive aquele ator que fez Deus naquele filme- Ah é. Esse mesmo, o Morgan Freeman
O ministro parecia não se importar com a indiferença de alguns, e subiu ao palco com umas palavras de boas vindas:
-Meus amados cidadãos- começou
-Ah não, lá vem imposto...justo agora- falaram alguns
-Coisa boa não pode ser-disseram outros
-Meus amados cidadãos- continuou- É com grande honra que chegamos a um dia importante na história dessa cidade. E como bem sabem, já fazem 400 anos da morte do salvador e grande símbolo dessa cidade: Billy, o iluminado
-Era pra isso?-falava um médico
-Vamos logo com isso, pra eu poder ir embora- retrucava um advogado
-Então não vai ter imposto?-os olhos do contador brilhavam de alegria
... E para comemorar essa data tão importante-continuava Gunn-tenho o prazer de lhes apresentar a lenda que não morre:- Billy, o magnífico!!!
Um grande telão começou a surgir por detrás do palco improvisado em que ele falava. Dava pra ver uma estátua de proporções gigantescas sendo retratada, em que Billy sorria com um ar leve e segurava na sua mão direita, como um símbolo de vitória seu guarda-chuva com cabo dourado. Sim. A nossa sociedade não tinha segurança com as plantações por causa de chuvas fortes, então veio Billy com toda uma ideologia baseada no fato de que guarda-chuvas trariam a certeza que tanto queríamos e se tornou o chefe de nossa comunidade. E o nosso símbolo se tornou um guarda-chuva. É claro que temos meios muito mais seguros de nos proteger da chuva hoje em dia, mas tem a questão da tradição, não é? E não existe coisa mais tradicional que um guarda-chuva- já dizia meu pai
-Infelizmente-falava Gunn- hoje não teremos a presença do descendente direto de Billy, o jovem Jeremy aqui nessa homenagem, por motivos particulares
Realmente Jeremy estava muito ocupado. Não é todo dia que você tem que correr de uma publicitária raivosa e ainda não apanhar
-Eu vou te pegar, Jeremy!!- gritava uma estranha figura correndo por entre a grama, quase no começo da ponte. Jeremy não escutava, pois se encontrava do outro lado e o barulho do rio era forte. Pelo menos foi isso que ele me falou.
A garota correu o mais rápido que podia, para, no final da ponte, observar Jeremy congelado de surpresa:
-Não pode ser!!- sua voz era abafada e quase não saía de sua boca
-O que foi, o que aconteceu?- se contagiou de medo a menina
Ele apontava para o chalé abandonado, e por entre as folhagens, dava pra perceber que a porta de madeira de fino acabamento se encontrava entreaberta e com rastros de barro
Correu como um louco. Seu coração quase saltava para fora. Quase caiu ao escorregar na entrada do chalé.
Meg chegou cerca de alguns muitos segundos depois,para já se encontrar com o garoto voltando a passos pesados e segurando uma espécie de baú vazio
-Eles a pegaram- apontava quase rouco para a caixa, e dentro havia uma silhueta de uma fina espada. Havia sobrado apenas um manto amarelo bordado.
-Você sabe o que isso significa?- bradou o rapaz-Meg não respondeu, mas ele fez questão de completar...
-Existe um traidor entre nós-disse em tom de raiva contida.
O ancião Joahn apenas segurou a espada nas mãos. Para o espanto de seu jovem aluno, segundos antes ela era apenas um simples guarda-chuva
E do alto da sacada, apontava a espada para o horizonte em um sinal de grandeza
-Você sabe por que somos todos tão diferentes, meu jovem?-perguntou o ancião
O menino permanecia calado como se falar não soubesse.
-Porque cada um possui uma maneira de enxergar as coisas e as pessoas. Cada um possui uma janela diferente,um mundo de si mesmo. A maldição do homem é não perceber a mudança e ainda assim lutar por ela com todos os fôlegos de sua vida.-continuava
- E a nossa sociedade também é assim: um universo de pessoas e pensamentos que destoam. Cada um só vê através de sua janela, de seu egoísmo e arrogância.
-Mas...-uma pequena pausa do garoto-Tem solução?-pergunta aflito
-Você sabe as estrelas?- E aponta com a espada para o céu. Como assim? Já anoiteceu?- pensa o garoto, mas apenas faz um sinal afirmativo com a cabeça
- Elas tornam a noite especial, não acha? Mas você sabia que elas são restos de matéria que explodiram? Sim. Somente restos e poeiras formam as estrelas. E nós somos estrelas. Deslizando através do Universo...- e deixou a frase solta de propósito
-Então... Pequenos grãos de areia...-diz o menino
-São capazes de mudar todo o Universo!- completa o Mestre
Mal o ancião acabara de falar e estranhamente o céu retornou a tons de laranja, enquanto o sol terminava a sua rotina de mais um dia. Quase como mágica, uma enorme sombra vinha se aproximando do sobrado antigo em que estávamos, voando numa velocidade supersônica. Um tostão de fogo foi lançado pelo animal, enquanto o ancião apenas me afastava e colocava a espada em punho... Ela desviou o golpe...
-Encontre Jeremy, agora!!!-bradava o velho enquanto o menino corria
O majestoso dragão balançava suas asas em freio enquanto pousava. Um rapaz convencido apenas abotoava as abas de sua jaqueta em sinal de ameaça, sorrindo. Segundos atrás, elas eram asas...
"E a nossa sociedade também é assim: um universo de pessoas e pensamentos que destoam. Cada um só vê através de sua janela, de seu egoísmo e arrogância."
ResponderExcluirAchei a história deveras interessante. Espero que você poste logo as outras!
Obrigado mesmo amigo, muito obrigado pela visita, já estou escrevendo as outras ^^
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